Bois e cavalos

Amigo internauta, repare nos olhos do BOI lhe encarando. Você acha que o desejo deles é realmente vê-lo, ou preferem que você os veja? Por acaso transmitem algum recado? Ora, o olhar que ao se comunicar transmite recados é o olhar para SER VISTO! Experimente ver alguém e ao mesmo tempo transmitir pelos olhos uma mensagem para este alguém. Você consegue vê-lo na acepção do termo? Pois é assim que o boi vê!

Bois e cavalos

Assobie agora para o seu cavalo. Os olhos do animal transmitem recados? Certamente que não! Enquanto os de um bovino, como mares agitados, exteriorizam as intenções, ... os do cavalo são como lagos, não revelam os objetivos, são utilizados exclusivamente para VER.Quando uma decisão é tomada, você é o último a saber! E desde que `para onde a visão vai, a audição vai atrás´, os ouvidos do CAVALO também são para ouvir.

Olhos

2.1 - PROSSEGUINDO ...

A convivência com EQUINOS e BOVINOS indica que eles também constituem outras possibilidades formais, outros planos corporais orientados, respectivamente, pelos caracteres VO e SVO ...

Observe a égua antes de saltar! Com quê elegância ela se contrai, isto é, SE DIMINUI DE TAMANHO. A beleza do andar equino se assenta na contração, no prazer `em tirar as patas do chão´! E o mesmo ocorre com felinos: repare no receio dos gatos ao colocarem suas patas no solo, e em contraponto, na rapidez e felicidade com que as tiram!

Observe, por outro lado, o boi no rodeio: o corpo se expande, AUMENTA-SE DE TAMANHO! O andar bovino apóia-se na des-contração. Ao contrário dos equinos, eles têm mais prazer em colocar, do que em tirar as patas do chão, isto é, `em esticar o corpo, do que em contraí-lo´!

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E conforme nosso esquema, o corpo que ao interagir, tende a SE DIMINUIR DE TAMANHO, a se contrair, é do VER/OUVIR, e o que tende a SE AUMENTAR, a se des-contrair, é do SER VISTO/OUVIDO.

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2.2 - CONCLUSÃO

No universo animal reduzido às quatro populações citadas, a visão semiótica sinaliza que do ponto de vista sensorial há dois modos de se comunicar primários: enquanto felinos e equinos se comunicam vendo e ouvindo, ... caninos e bovinos, se fazendo vistos e ouvidos.

Conclusão

Vamos investigar estes modos, por enquanto no contexto do quadrilátero de mamíferos, começando pelos felinos. Antes um adendo ...

2.3 - QUEBRA DE PROTOCOLO

Por este ponto, o internauta já deve ter captado que para abrir espaço a esta nova categoria de fatos linguísticos sugeridos pela observação semiótica elementar, é interessante abandonar a eventual formalidade ao abordar o tema ... e se deixar levar pela observação sensorial.

A linguagem simples e fácil faz parte dessa `quebra de protocolo´ ...

2.4 - CONDUTA SONORA(1)

Vamos pensar juntos: o animal que se posiciona para OUVIR, como o GATO, deve ter uma conduta sonora oposta ao que se posiciona para SER OUVIDO ...

Experimente miar, leitor! Repare que o som felino, de tão delicado e cuidadoso, mais parece um pedido de desculpas por estar expondo suas intenções de maneira tão rústica - através do som! Este fato sugere que a exteriorização sonora contraria o seu instinto, afinal, gatos são animais que se posicionam para OUVIR e não para SEREM OUVIDOS! Não será por este motivo que o miado nos remete a uma sensação de tristeza, aspecto, aliás, que igualmente ocorre com EQUINOS?

Quanta melancolia num relincho!

Observe, em oposição, a felicidade do seu cão ao latir. E o mesmo se dá com a garganta do boi ao mugir! São sons que não têm fim! Enquanto os de felinos e equinos são descontínuos, começam e terminam, ... os sons canino e bovino são contínuos, tendem a prosseguir e por isso os seus aparelhos fonatórios dão a impressão a quem os ouve, de estarem fazendo o que gostam!

2.5 - CONDUTA SONORA(2)

Atente para o mugido da vaca quando apartada do seu filhote. Ela sonoriza no limite de suas possibilidades vocais. Enquanto houver ar nos pulmões e a garganta aguentar, ela muge! E com o seu poodle se dá o mesmo. Ele é capaz de latir meia hora sem parar para a gata da vizinha! Mas por que estes dois animais sonorizam tão intensamente? A resposta é óbvia: porque não ouvem a si enquanto mugem e latem. Se ouvissem, agiriam de outra forma!

Conduta sonora

Felinos e equinos, por sua vez, sonorizam ouvindo, inclusive a eles próprios, o que parece inevitável em se tratando de animais que VÊEM e OUVEM! Quando o som que emitem aumenta em demasia, interrompem - no, dão uma pausa e em seguida voltam a sonorizar, ... de início levemente, até que o som aumenta outra vez e eles o paralisam novamente, e assim vai. Este controle que a audição de felinos e equinos exerce sobre a fonação possibilita a eles modularem a voz ...

Quanta melodia nos relinchos e miados!

Já nos mugidos e latidos, o som não sendo controlado pela audição, ... tende para o berro, para o grito.

Conduta sonora

O esquema sensorial primário sugerido por este novo plano de observação, explica desde peculiaridades conceituais como as recém expostas em relação à FONAÇÃO dos animais investigados, como também fatos corriqueiros da nossa interação com eles ...

2.6 - ALERTA!

Ao passar por uma rua ou pastagem, cuidado! Não olhe para cães nem bois ...

ALERTA

Como a libido visual de ambos é SEREM VISTOS, se você os encara, ... instantaneamente eles estabelecem comunicação! Para o bem ou para o mal.

Já gatos e cavalos ao serem olhados, tendem a não reagir instantaneamente, a não estabelecerem comunicação de imediato, e inclusive, na ausência de outros estímulos externos, a tendência de ambos é permanecerem indiferentes, afinal o prazer deles é VER e não, SEREM VISTOS.

2.7 - EVODEVO

Do exposto até o momento, podemos propor o quadro abaixo ...

Genes

* exemplo: felinos e equinos se comunicam VENDO e OUVINDO, caninos e bovinos, SE FAZENDO VISTOS E OUVIDOS.

Genes vetores

2.8 - QUEDA LIVRE

Por que o gato cai de pé?

Ora, porque não faz nada sem antes VER! Ao cair, ele precisa ver onde irá cair, e essa ``necessidade instintiva primária´´ o faz na queda direcionar cabeça - e olhos - para baixo e em seguida posicionar o ventre e patas também para baixo, equilibrando o traseiro ...

Queda livre