Aves e répteis
Para aumentar a confiança do leitor neste novo plano de observação vamos ampliá-lo, recordando que pelo esquema proposto, o mundo animal se divide em duas LINGUAGENS: de um lado, a dos animais que preferem se posicionar para VER/OUVIR (do que para SEREM VISTOS/OUVIDOS) e do outro, a dos que preferem se posicionar para SEREM VISTOS/OUVIDOS (do que para VER/OUVIR). Enquanto os primeiros SE DIMINUEM DE TAMANHO, os segundos SE AUMENTAM ...
3.1 - AVES
Observe ao cair da tarde a multidão de andorinhas arremetendo na praça. Com quê velocidade elas se deslocam! Como fazem isso sem se acidentar? Haja destreza visual! E auditiva: no meio da algazarra sonora, cada filhote é o filhote da sua mãe, inconfundível. E como se escondem! São centenas em cada árvore e depois que se acalmam é difícil enxergá-las.
A bem da verdade, as aves `SE DIMINUEM DE TAMANHO diante de seus interlocutores´, como nenhuma outra população animal. Afora os atributos comuns com os mamíferos que igualmente se diminuem de tamanho, como por exemplo, a capacidade de contrair o corpo e aquietá-lo quando preciso, elas têm uma particularidade que as tornam únicas: voam. E por realizarem o quesito `DIMINUIR DE TAMANHO para melhor VER/OUVIR´ com perfeição maior que os mamíferos sensorialmente semelhantes, como felinos e equinos, vamos considerá-las paradigmas do VO.
3.2 - O ENCONTRO COM O RÉPTIL
Imagine-se em situação oposta: caminhando pela mata, curtindo suas férias ecológicas, ... quando de repente, em meio à folhagens junto à uma aguada, você se depara frente à frente com um jacaré-açu!
Quanta presença! Ele é apenas um, mas você reage como se fosse uma dezena! Certamente que entre todos os animais, o RÉPTIL é o que melhor SE FAZ VISTO E OUVIDO. Mesmo em repouso, completamente imóvel, ele transmite uma `presença corporal´ imensa, AUMENTA-SE DE TAMANHO como nenhum mamífero. E não só em imagem, como também em som: o ataque de um jacaré na água é um acontecimento ruidoso ao extremo!
Por estes e outros aspectos que serão mencionados no decorrer do site, consideraremos os RÉPTEIS, paradigmas do SVO.
3.3 - CLASSIFICAÇÃO SENSORIAL
A observação sensorial em foco nos está conduzindo a um modo de classificar os animais que parece promissor. Ele sugere a existência, no universo dos mamíferos, de uma ARQUITETURA formada por duas `arvores sensoriais´: de um lado, os da família da AVE, que interagem se posicionando preferencialmente para VER e OUVIR seus interlocutores, e do outro, os da família do RÉPTIL, que interagem se posicionando preferencialmente para SEREM VISTOS e OUVIDOS por eles.
Esta classificação permite a compreensão direta - digamos que ela dispensa o intelecto! - de diferenças sensoriais significativas entre os animais das duas famílias, ... como o fato característico de que aves, felinos e equinos têm olhos `para ver´, enquanto répteis, caninos e bovinos, `para serem vistos´, ... ou ainda, que os primeiros têm a conduta sonora controlada pela audição, enquanto os segundos, não. E a abrangência dessa classificação não se restringe à diferenças associadas aos sentidos da VISÃO, AUDIÇÃO, OLFATO e FONAÇÃO, mas se estende a outros, como o TATO.
3.4 - TATO
No topo da coluna da esquerda está a AVE, o corpo coberto por penas, ou seja, não tocável diretamente, e no da direita o RÉPTIL, animal que não tendo o corpo coberto por penas, tem a pele desprotegida, diretamente tocável. Tente pegar uma galinha! O receio dela é você tocar diretamente em sua pele. Observe, em oposição, o encantador e a serpente. Quê sublime encontro de dermes e epidermes! Diferença igual ocorre entre os mamíferos correspondentes: enquanto felinos e equinos - como se tivessem penas - atuam protegendo a pele, preferem tocar e serem tocados de modo suave, `pelo com pelo´, ... caninos e bovinos apreciam o toque denso, `pele com pele´.
3.5 - RESUMO DAS DUAS LINGUGENS
3.6 - OS DOIS EIXOS DO PRAZER
A ``observação semiótica elementar´´ sinaliza a existência de 2 eixos direcionadores do PRAZER nas 6 populações do esquema: enquanto a libido instintiva de felinos, equinos e aves se concentra no duplo eixo lateral ( são animais de prazer audiovisual, olhos e ouvidos se distribuem pelas laterais do corpo ), ... a de caninos, bovinos e répteis, no eixo central. Esses são animais de prazer olfativo/fonatório, narinas e língua se localizam neste eixo.
Repare, por exemplo, como GATOS e CAVALOS usam a língua de forma discreta, comedida, afinal a sensorialidade central é evitada. O prazer está nas laterais! Já CACHORROS e BOIS a usam de forma expositiva, a sensorialidade central é buscada!
A constatação acima e as demais expostas nesta Janela, sugerem a existência no mais fundo do genoma desse universo animal, de projetos sensoriais complementares e opostos.
